domingo, 19 de dezembro de 2010

Jornalistas empreendedores

É extensa a área de atuação do jornalista. As opções de trabalhar em todo o processo de produção das notícias, como investigação, apuração, organização, resumo e redação e também na comunicação corporativa, dentro das empresas, exemplificam o leque de oportunidades. O profissional pode se especializar em diferentes áreas, sendo repórter, redator, assessor de imprensa, editor, produtor, chefe de reportagem, redator chefe ou âncora (apresentador de telejornal e comentarista), além de poder montar o seu próprio negócio em diversos setores da comunicação.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae, as micro e pequenas empresas constituem cerca de 99% dos estabelecimentos formais no país, as quais concentram 57,2% do emprego formal e 26% da massa salarial. Em Minas Gerais, existem mais de 546 mil empresas e o setor da comunicação tem apresentado constante crescimento. Um exemplo disso é o fato de muitos jornalistas optarem por montar o seu próprio negócio, passando assim de funcionário para patrão.

A jornalista Janaína Depiné criou a Lead Comunicação em 1997, quando conciliava a empresa com outros serviços que lhe possibilitavam uma renda fixa. Hoje a empresária se dedica exclusivamente ao seu negócio, o que a fez trocar a vida financeira estável pela incerteza. “Sair da zona de conforto não é fácil. Não importa como estou fisicamente ou emocionalmente, tenho que acordar motivada para liderar uma equipe, cativar o meu cliente e atender bem a imprensa. Não ter um salário fixo faz com que eu vá à luta todos os dias. Tenho que vencer desafios e minhas próprias limitações diariamente” contou.
Antes que a Lead Comunicação se estruturasse como uma empresa consolidada no segmento de Assessoria de Comunicação, muitos “nãos” foram recebidos pela empresária. “Em 1998, quando deixei a TV e fui me dedicar à Lead, o meu escritório era num quartinho nos fundos da casa da minha mãe. Lá coloquei minha estrutura que se resumia a um computador, duas TV´s e dois videocassetes. Ligava nas empresas para oferecer meu serviço e só ouvia não. Às vezes, ficava triste, mas não me abatia. A cada proposta recusada tentava melhorar minha apresentação. Então, surgiu a Nacional Expresso na minha vida. Era para ser um trabalho free lancer, mas depois veio outro e mais outro. Com isso, conquistei meu primeiro cliente. Mas, até ele, foram uns oito meses só ouvindo não”, comentou Janaína..

Além da assessoria de comunicação, o jornalista tem muitas outras opções para montar sua empresa. Um programa de televisão independente, por exemplo, pode ser mais uma forma do profissional ter seu próprio negócio. Este é o caso do jornalista Gustavo Lazzarini. “Logo quando me formei comecei minha primeira experiência profissional na área. Montei um projeto para a produção independente de um programa de TV sobre arquitetura, engenharia, dentre outros, junto com o publicitário Carlos Roberto Viola, o jornalista Celso Machado e o pessoal da Close Comunicação. O projeto acabou tomando outros rumos quando nos sugeriram produzir um programa informativo comercial. Foi assim que surgiu o programa Free Shop. Produzimos um piloto (amostra do que seria o programa) e levamos para a TV. Como já tínhamos viabilizado inclusive os patrocínios, o que era pra ser um piloto acabou indo ao ar no dia 14 de dezembro de 1994, e até hoje continuamos com o mesmo programa”, comentou Gustavo, apresentador e um dos proprietários do Free Shop.

O impressionante crescimento da internet traz ainda mais oportunidades de trabalho nas versões virtuais dos grandes jornais impressos, em blogs ou em sites de notícias independentes. O jornalista Hugueney Bisneto montou, por meio da internet, o seu próprio negócio: um blog que traz as notícias da sociedade. “O blog foi um presente de um blogueiro, sou eternamente grato a ele. Hoje este veículo é respeitado e muito visitado, além de me possibilitar ter uma renda todo mês. O maior desafio de se ter um negócio próprio não é construir ou lançar no mercado, mas sim manter, pois os encargos tributários no território brasileiro são altos”, comentou.
Diante da crise econômica iniciada em 2008, a imprensa divulgou o pessimismo dos proprietários de empresas e da população diante do crescimento e desenvolvimento econômico do país, mas muitos empresários do setor da comunicação viram na crise uma oportunidade de novos negócios. “Para driblar a situação econômica que ocorre no país, nós, da Revista Negócios, criamos oportunidades criativas para vencer esta situação. Quando abordamos um tema como Responsabilidade Social, por exemplo, criamos uma oportunidade única para que empresas que desenvolvem projetos nesta área participem e apresentem suas ações. Assim, transformamos uma pauta jornalística em um excelente gancho comercial, pautando nosso departamento comercial e, lógico, driblando, consequentemente, eventuais dificuldades em fechamento de negócios”, afirmou Claiton Ramos, diretor executivo da revista Negócios.
Montar o próprio negócio na área da comunicação não parecer ser uma tarefa tão fácil, mas também não é um “bicho de sete cabeças”. Um bom empreendedor tem que conhecer seu produto e saber qual é a relevância dele para a população, deve ver oportunidades em tudo, tendo coragem, persistência e muita disposição para enfrentar os desafios de se ter uma empresa e ser patrão.

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